15/03/2013 - Projeto "Coco Chanel"
Por José Eduardo Cavalcanti*
A Secretaria Estadual do Meio Ambiente lançará edital para chamar empresas interessadas em apresentar tecnologias capazes de neutralizar os odores lançados pelo rio Pinheiros ao longo de todo o seu trajeto.
Tais odores decorrem da decomposição anaeróbia dos esgotos sanitários , em grande parte lançados ao rio através de seus afluentes, bem como da poluição difusa proveniente do carreamento de águas pluviais contaminadas.
A solução natural deste problema seria logicamente prosseguir com a interceptação dos esgotos através do prolongamento dos coletores- tronco implantados às margens dos córregos afluentes, bem como investir em educação sanitária e ambiental.
Mas, particularmente no caso do rio Pinheiros, a situação é mais complexa, pois além de o rio receber contribuições de esgotos de sua própria bacia recebe também as águas contaminadas de grande parte da bacia do Alto- Tietê por força das regras operacionais atualmente praticadas no sistema Tietê, Pinheiros, Billings que permitem que águas do Tietê ingressem no Pinheiros correndo em sentido contrário ao seu fluxo natural. Isto significa que pelo canal do Pinheiros desfila grande parte da poluição hídrica gerada na Região Metropolitana de São Paulo.
Disto, decorre que a despoluição do rio Pinheiros necessariamente está ligada ao saneamento de toda a bacia do Alto Tietê à qual está intimamente ligado. De outra forma, somente a mudança destas regras operacionais seria capaz de reverter o Pinheiros à sua condição hidrológica original. Mas isto, na prática, é difícil, pois o atual regime hidrológico é essencial no controle de cheias além de viabilizar a continuidade da geração elétrica em Henry Borden.
Diante disso, soluções não ortodóxicas tem sido imaginadas para minorar a poluição do rio Pinheiros, além daquelas convencionais representadas pela coleta e tratamento dos esgotos. A última tentativa foi a flotação das águas do Pinheiros, alternativa que permitiria, se bem sucedida ambientalmente, elevar o bombeamento em direção à Billings em benefício da geração elétrica.
Descartada a flotação, cujos resultados não foram considerados satisfatórios quanto à obtenção de um padrão de qualidade de água adequado, situação esta que poderia possibilitar no substancial incremento do bombeamento à Billings, as autoridades sanitárias, em nova tentativa, focam agora na eliminação ou minimização de um dos efeitos mais sensíveis e perversos decorrentes da poluição do rio Pinheiros: o odor.
Para tanto, segundo o secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas, “ as empresas interessadas em vender a sua tecnologia se encarregarão, às suas próprias expensas, em proceder os testes (de eliminação de odor) que poderão ser realizados em determinados pontos da margem do rio ou em ambiente, parecido com o do Pinheiros”.
A conferir!
* José Eduardo Cavalcanti é presidente do Grupo Ambiental, membro do Conselho Superior de Meio Ambiente da Fiesp e conselheiro do Instituto de Engenharia
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