Tecnologia movida pela paixão

27/12/2012 - Tecnologia movida pela paixão
 
Por Ricardo Takahira*
 
Não podemos ‘dormir em berço esplêndido’. O mercado está bom, mas a competitividade brasileira nem tanto. Tecnologicamente não podemos ficar para trás, então a melhor estratégia de ação é inocular o vírus do espírito competitivo desde a universidade. É exatamente esse o sentido e o objetivo dos programas estudantis da SAE BRASIL. Fundamentados em competições de engenharia e não propriamente em provas de velocidade, esses programas colocam no primeiro plano o esforço de pesquisa dos jovens estudantes de engenharia para transformar um projeto inovador em realidade.
Para esses jovens o desafio é tão grande quanto instigante. Antes de tudo exige do estudante clareza quanto ao objetivo e determinação para abraçá-lo, condições mínimas para enfrentar uma jornada que compreende esforços de dedicação à pesquisa, procura de orientação multidisciplinar fora do currículo dos cursos de engenharia, busca de patrocinadores para custeio do projeto e, por fim, bons resultados nas severas provas de campo.
Por tudo isso, incrível e impressionante são as palavras que encontro para descrever a sensação de ver a estreia das equipes da categoria elétrica na competição Fórmula SAE BRASIL 2012. É verdade que nem todas conseguiram fazer seus carros rodarem, mas de qualquer modo, o ‘vírus’ foi ‘inoculado’. Agora o crescimento do Fórmula Elétrico é questão de tempo – e de patrocínio – porque força de vontade e interesse não faltam às equipes.
Foi esse interesse que levou a equipe da Faculdade de Engenharia de Sorocaba (SP) à Alemanha para conhecer a mais tradicional prova Fórmula SAE Elétrico e tirar da experiência know-how para o aprimoramento do projeto que inscreveria mais tarde na competição brasileira. Lá as empresas se envolvem bastante com o projeto, e não raro seus estagiários e funcionários são membros das equipes. No Brasil, os custos elevados para o desenvolvimento de protótipos elétricos ainda restringem o apoio da iniciativa privada aos projetos.
Apesar disso, os avanços tecnológicos alcançados são notórios. Entre eles o revolucionário motor YASA, aplicado ao protótipo E4 que competiu na Fórmula SAE BRASIL 2012 pela equipe Unicamp E-Racing. Capaz de chegar a 100 km/h em menos de quatro segundos, o propulsor opera com novo conceito de distribuição do campo elétrico, inédito até mesmo em protótipos das montadoras.
Estou convicto de que para os futuros engenheiros ter acesso a esse tipo de tecnologia é um grande aprendizado, uma vez que esse conteúdo não é ainda ministrado em nenhum curso de graduação, pós-graduação ou especialização em engenharia. Há muito a aprender, mas o que eles avançaram em menos de um ano foi realmente impressionante.
Nada disso seria possível sem uma força tarefa empenhada em fazer acontecer. A paixão dos estudantes, futuros engenheiros, entretanto, é o combustível. Bom seria ter mais times apaixonados e determinados pelo Brasil afora, para fazer inovação com a cara do Brasil: tecnologia competitiva e acessível a todos, domínio do conhecimento técnico universalizado, apoio para resultados mais rápidos e eficientes. Mais que um desafio, essa é a nossa responsabilidade.

* Ricardo Takahira é membro da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE BRASIL.

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