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11/07/2016 - SINICESP promove palestra para debater o cenário econômico brasileiro, as contas públicas e os investimentos em infraestrutura

Empresários e dirigentes da construção pesada paulista participaram de painel realizado no Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo - SINICESP, que contou com apresentações do economista Raul Velloso, especialista em contas públicas e do jornalista e economista Luís Artur Nogueira.
Ambos os palestrantes promoveram análises conjunturais e diagnósticos, objetivando uma maior compreensão da atual situação econômica, política e financeira do país. Eles comentaram sobre as perspectivas de investimentos para a infraestrutura, considerando o momento do governo interino do presidente Michel Temer.
Segundo o economista Raul Velloso, na análise da atual situação do país, é recorrente a confusão entre os aspectos conjunturais e estruturais que compõe a crise. Para o economista, na questão conjuntural, é impressionante como ninguém percebeu algumas coisas, a começar pelo total atrelamento dos estados à União. Existe um verdadeiro "cordão umbilical" que limita a capacidade de atuação dos governadores, por meio do mecanismo da dívida e das decisões que a União toma e impõe aos estados para absorverem em suas despesas. Entre os exemplos, o economista destaca o aumento no piso dos professores. É um caso em que a União define mas o Estado paga. Da mesma forma, quando há um aumento para o Supremo Tribunal Federal, há uma determinação de reajustes em cascata para os estados.
Os problemas estruturais, segundo o economista, são aqueles fatores que vão "comendo pelas beiradas", que o governante percebe ao olhar para a estrutura das contas, com a evolução dos gastos ao longo de um período. Como exemplo ele faz um comparativo entre a estrutura do gasto da união em 1987 e 2012.
"Nós viramos um país pagador de pessoal e benefícios previdenciários e assistenciais", afirma o especialista. Para Raul Velloso, o percentual de gastos de 74% com pessoal atinge hoje mais da metade da população brasileira, ou seja, mais de cem milhões de pessoas que dependem dos pagamentos do governo. Nenhum país no mundo, segundo ele, vive para o pagamento da folha de benefícios.
Já a participação nos investimentos, que era de 16%, transformou-se em 6%, sendo 1,25% correspondente aos investimentos em transporte.
Segundo Velloso, o atual governo Temer tem consciência plena dessa situação, haja vista que se mostra engajado em várias ações de saneamento, entre elas, a readequação dos gastos com pessoal nos setores da educação e saúde.
Para Velloso, não se justifica a existência de um grande movimento de mudança do governo se ele não vier acompanhado de mudança das políticas fiscais e econômicas.
O setor privado tem que entrar pesado no financiamento dos projetos de infraestrutura, seja diretamente ou indiretamente, mas para que isso ocorra o governo terá que alterar a forma com que as concessões vinham sendo administradas, aprimorando o papel das agências reguladoras, decretando o fim das políticas populistas que não remuneram os capitais, entre outras alterações necessárias.
"A briga é boa e o setor tem que articular suas forças para a mobilização nesse novo quadro de soluções, que por mais difícil que possa parecer, é um quadro possível, viável, neste novo governo, em comparação com o que acontecia no anterior", completou Velloso.

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