Da natureza para a natureza

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Em 2010 foi criada a lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Um dos principais objetivos era acabar com os lixões e com o descarte inadequado dos mais variados tipos de materiais. Os aterros sanitários controlados foram desenvolvidos e receberam mais tecnologia.

“O fator gerador do resíduo é responsável pela correta destinação do mesmo, seja pessoa física ou jurídica”, explica Luiz Cláudio de Sá, diretor da Biociclo, empresa que faz a coleta, processamento e destinação correta de resíduos verdes. “Isso vale para poda de árvores, até lâmpadas queimadas, resíduos de construção civil, metais, plásticos e outros”, lembra ele.

Com uma visão empreendedora, Luiz Cláudio percebeu uma oportunidade de negócio para o recolhimento e destinação de material de poda, que é algo rotineiro e precisa ser feito com frequência. Mesmo antes de iniciar as operações a intenção do empreendedor era que a empresa tivesse seus diferenciais. “Primeiro, fomos atrás de quem pudesse receber a poda triturada que iríamos produzir e que certificasse esse material”, conta ele. “Há cinco anos temos um contrato de exclusividade com uma empresa certificada para toda a poda vegetal triturada na região onde estamos sediados”, lembra. O passo seguinte foi adquirir um equipamento que fizesse a trituração.
“Tinha visto um filme da Vermeer no Youtube e gostei da máquina. Mas eu não sabia que a Vermeer estava no Brasil”, conta o diretor da empresa de reciclagem. A solução estava muito mais perto do que ele podia imaginar. “Foi muito interessante porque um dia fui almoçar e no mesmo restaurante esbarrei com um cidadão vestindo uma camisa da Vermeer. Era o Chico (Francisco Genovese). Também estavam o Flávio Leite e o Herbert Waldhuetter.” O empresário perguntou sobre a fabricante de equipamentos e explicou sua intenção. “Falei sobre a Lei da Política Nacional de Resíduos Sólidos e que buscávamos ser uma empresa diferenciada para atender o segmento. Foi aí que descobri que éramos vizinhos. A Vermeer se propôs a fazer um teste com um picador e começamos a negociar.”

Lixo e dinheiro
Em maio de 2012 a Biociclo entrou oficialmente em operação. Desde então já processou e destinou corretamente mais de 7.200 toneladas de resíduos de poda. No inverno o volume diminui bastante, já que as plantas crescem mais devagar. Existe uma sazonalidade, mas em média a Biociclo produz em torno de 170 toneladas de poda triturada por mês. Tudo isso iria para um aterro sanitário, o que é muito comum em diversas partes do país. “Existem condomínios em que tudo é queimado, sem nenhum controle, representando um risco. Ou então é destinado de qualquer maneira, largado na rua ou em terrenos baldios. Vemos muita coisa errada”, lamenta Luiz Cláudio.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos o material resultante da poda é considerado resíduo e não rejeito. Todo o material pode ser aproveitado. “Onde algumas pessoas enxergam lixo, eu vejo dinheiro. Trabalhamos para quebrar esse paradoxo, entre o que é lixo e o que é luxo. Transformamos um material que seria segregado, de uma forma inimaginável, em composto orgânico, em fertilizante.”

Equipamento produtivo
Um picador BC1000 foi o primeiro equipamento que a Biociclo utilizou para triturar os resíduos. Quando a empresa começou a ganhar corpo e os negócios aumentaram houve a necessidade de elevar a produtividade. “Precisávamos de um picador fixo, trabalhando em nosso pátio e outro volante, atendendo os clientes no local da coleta. Hoje temos três picadores, todos Vermeer BC1000”, afirma Luiz Cláudio.

O diretor explica que a fidelidade pelo modelo veio da satisfação com a primeira máquina adquirida. “Pesquisamos o mercado e o BC1000 atendeu a minha necessidade. A primeira máquina está trabalhando há mais de cinco anos e nunca tivemos um acidente de trabalho. É uma máquina extremamente segura. Tem o tamanho, peso e produtividade ideal para o que precisamos”. Segundo Luiz Cláudio o equipamento tritura troncos de até 30 centímetros de diâmetro e consome cerca de seis litros de diesel por hora, trabalhando com força máxima. “A manutenção tem um custo benefício razoável e o mais importante: o equipamento é móvel. Conseguimos levá-lo onde for preciso.”

Em termos logísticos o ideal é que a trituração aconteça no local da coleta. O especialista em poda explica que assim o volume a ser transportado é reduzido entre 60% a 70%, dependendo da densidade do material. “Temos um caminhão com capacidade para 13 metros cúbicos. Então você imagina a quantidade de material triturado que ele é capaz de transportar. Quando é in natura, perde-se muito espaço.”

Rede de negócios
Quase metade dos clientes da Biociclo, cerca de 40%, estão em Vinhedo. A empresa também atende em outras cidades, inclusive nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Eles estão segmentados entre condomínios, concessionárias de rodovias, empresas de terraplenagem e propriedades particulares. “É comum atendermos produtores rurais que querem fazer a limpeza no terreno. Por exemplo, produtor de figo que precisa erradicar alguns pés de figo. Vamos lá e trituramos as árvores. Se ele quiser pode ficar com o material triturado para usar como adubo. Do contrário nós levamos embora e entregamos a ele uma carta de certificação da destinação ambientalmente adequada, a Certificado de Destinação Final (CDF). Todos nossos clientes recebem”, afirma ele. Luiz Cláudio conta que é comum entre os produtores de uva a utilização do material triturado para forração e preparação do solo para a nova safra. “Tudo depende do que é mais viável para o cliente.”

A rede de negócios da qual faz parte a Biociclo envolve uma vasta carta de segmentos e profissionais. Entre os parceiros da empresa estão engenheiros agrônomos, florestais, paisagistas, biólogos, técnicos. “Temos parceiros para o plantio de grama, desenvolvimento de projetos, relatórios, licenciamentos, supressão de árvores. Em tudo que está relacionado ao nosso negócio temos bons parceiros para indicar”, garante Luiz Cláudio.

Locação
Em 2014, quando a Biociclo encerrou o contrato com um grande um cliente, surgiu uma nova oportunidade. Para não deixar o equipamento parado, eles decidiram investir no ramo de locação de equipamento. Hoje a locação representa mais da metade do faturamento da empresa. O diretor explica que existe a possibilidade de alugar só a máquina ou então com uma equipe pronta para operá-la. “Fazemos do jeito que ficar melhor para o nosso cliente, do modo que ele precisar”, conclui de Sá.

Sítio no pátio
No pátio de trituração da Biociclo tem espaço para a criação de galinhas e uma horta orgânica. O diretor explica que fora do horário de expediente as galinhas são soltas. “Como recebemos muito material verde, isso atrai formigas, escorpiões e outros insetos. As galinhas ajudam a fazer um controle e deixar nosso local de trabalho mais seguro, além de fornecerem ovos para nossos funcionários. Também utilizamos o material triturado como adubo orgânico em nossa horta”. Lá eles plantam alface, rúcula, pimentão, salsinha, erva cidreira, tudo adubado com o material triturado pelos picadores no pátio.

Foto: divulgação

Jota Comunicação

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