Por que é vital para a indústria aprimorar o Reintegra

13/03/2015 - Por que é vital para a indústria aprimorar o Reintegra
 
Regina Celi Venâncio*
 
Para fazer a economia andar, algumas vezes, é fundamental que o governo crie ou renove medidas de incentivo aos setores produtivos.  É o caso específico do Reintegra, regime que devolve aos exportadores, parcial ou integralmente, o resíduo tributário remanescente na cadeia de produção de bens exportados. Defendemos esta iniciativa porque é fundamental para as indústrias brasileiras ganharem competitividade internacional, afinal muitas delas empreendem hoje grandes esforços para compensar o esfriamento do mercado interno brasileiro. Mais do que simplesmente manter este regime de reintegração de valores tributários, queremos que o governo trabalhe em seu aperfeiçoamento, enfrentando pontos polêmicos, mas extremamente importantes para o estímulo às exportações, como a pertinência de aumento do atual percentual de 3% de devolução e a desoneração dos encargos devidos na folha de pagamento dos processos produtivos de bens destinados à exportação, os quais também representam resíduos que oneram a cadeia de produção, prejudicando, consideravelmente a competitividade dos produtos brasileiros no mercado internacional.
É sabido que infelizmente o atual quadro econômico não apresenta sinais concretos de recuperação, em curto prazo, e as dificuldades da economia brasileira neste ano de 2015 são reais. Todos os setores são atingidos com cargas tributárias elevadas, e, alguns casos, reajustes salariais acima da inflação. Porém a indústria, além da conjuntura econômica adversa, enfrenta outras dificuldades decorrentes de uma combinação de fatores como políticas setoriais frágeis, infraestrutura deficiente e concorrência internacional acirrada. Com as vendas internas tão desaquecidas, muitas destas empresas tiveram que rever seus processos a fim de reduzir ainda mais os custos, salvaguardar investimentos e, sobretudo, otimizar seus esforços para as exportações.
Por outro lado - usando o dito popular - “são os males que vem para o bem”. Isto porque, sem dúvida, vender para o mercado internacional demanda uma série de mudanças de gestão e de processos, que por sua vez resultam na modernização das empresas brasileiras, principalmente na busca por produtividade. Ao optar-se pela exportação, talvez a mais imperativa transformação que tenha que ocorrer no ambiente empresarial é a de mentalidade. Para colar a tarja “exportação” na embalagem dos produtos todos dentro da empresa precisam pensar diferente e não apenas a direção. Uma nova cultura deve dominar todas as áreas da companhia e cada colaborador precisa entender as exigências para lograr sucesso em mercados muito mais competitivos. Mudam todos os processos e é preciso investir em treinamento e reciclagens de áreas como produção, acabamento, embalagem, logística, comercial, tributário, financeiro e marketing.  Em resumo, trata-se de um grande aprendizado e um enorme esforço, pois o mercado internacional não é feito apenas de oportunidades, requer estratégia, imensa eficiência operacional e a construção de imagem.
Portanto, a lição de casa a ser feita é grande.  E todo esse esforço não pode acontecer sem que haja por parte do governo uma atenção especial para o quadro de dificuldades enfrentado pela indústria, principalmente diante do pesado impacto tributário.
*Regina Venâncio é presidente da Termomecanica.
 
EPR Comunicação

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