Rodovias em péssimo estado sufocam a economia nacional

07/11/2012 - Rodovias em péssimo estado sufocam a economia nacional
 
Por Silvio Ciampaglia*
 
É inadmissível que os sucessivos governos que vêm comandando os negócios públicos em um país com as dimensões continentais do Brasil continuem caminhando a passos lentos, sem maiores objetivos ou empenho, nas questões de transporte e logística nos diferentes quadrantes da nação.
Investimentos e demais iniciativas para tentar dinamizar a infraestrutura de transportes, assim como os recursos disponibilizados estão sempre aquém do necessário e, mesmo quando empregados, carecem de objetivos e projetos abrangentes e efetivamente produtivos.
Recente pesquisa da CNT - Confederação Nacional dos Transportes apresenta resultados que apenas ratificam aquilo que é do conhecimento geral, notadamente dos setores produtivos, cujas atividades configuram a essência da economia nacional. Percorridos 95.707 quilômetros de rodovias federais e estaduais foi comprovado que mais da metade dessa extensão (60.053 km) apresentam deficiências que colocam em risco a vida dos viajantes e estrangulam o crescimento de várias regiões.
Diversos outros órgãos e entidades ligadas ao setor não se cansam de apontar a leniência das diferentes autoridades para com a deterioração dessa alavanca fundamental para o desenvolvimento nacional. O crucial problema é discutido pelos meios de comunicação, configurando ainda mais a interatividade da questão também com o cidadão comum, aquele cujo trânsito é limitado às cidades e regiões metropolitanas.
O consagrado ator Antonio Fagundes, em entrevista recente, enfatizou que seria impossível hoje produzir novamente a aplaudida série “Carga Pesada”, que retratava a vida de caminhoneiros percorrendo as diferentes regiões do país. Segundo ele, essa dificuldade reside na precariedade e no estado deplorável da maioria das estradas brasileiras, com exceção da malha paulista. Os riscos são enormes e extrapolam até a mais criativa imaginação de eventuais autores desse gênero de entretenimento.
Apesar de algumas recentes iniciativas da União, a fim de dinamizar investimentos em infraestrutura de transportes, os recursos disponíveis ainda estão aquém do necessário, o que demonstra essa inequívoca apatia oficial na condução dos negócios. Não bastasse, em seu estudo a CNT menciona que o Plano Plurianual (PPA) do governo federal para o período entre 2012 e 2015 prevê desembolsos de R$ 82,7 bilhões para infraestrutura rodoviária, mas destaca que até meados de 2012 apenas R$ 4,7 bilhões foram investidos.
A gestão pela iniciativa privada desse gigantesco desafio, nos locais em que já opera, comprova em grande parte possibilidades e vantagens dessa parceria, desde que também convenientemente orquestrada pelo poder público, regida por legislação adequada e dotada de possibilidades pecuniárias indispensáveis para atrair recursos privados. Estudos recentes indicam que pelo menos 80% das 21 melhores ligações rodoviárias do país são geridas pela iniciativa privada, com as rodovias paulistas liderando o ranking e ocupando as seis primeiras colocações.
A questão é complexa, envolve disposição política, arcabouço técnico-jurídico capacitado e antenado com os desafios das práticas administrativas e logísticas modernas, além de ocupantes dos cargos públicos dinâmicos e arrojados. Mas, principalmente, exige maior participação da opinião pública, por suas entidades representativas, e dos próprios usuários por intermédio dos meios de comunicação eletrônicos, hoje disseminados por todo o país. Exigir rapidez, vigor e resultados dos poderes públicos são tarefas de todos os cidadãos nas democracias modernas e economicamente desenvolvidas.
 
* Silvio Ciampaglia é engenheiro, presidente do SINICESP – Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo.

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