A questão acústica da NBR 15575: benefícios e desafios do mercado

25/04/2013 - A questão acústica da NBR 15575: benefícios e desafios do mercado
 
Por Cintia Figueiredo *
 
A cada dia, as pessoas têm mais consciência a respeito dos danos à saúde física e mental que a exposição constante a altos níveis de ruídos pode provocar, além da falta de conforto para atividades corriqueiras, como trabalhar ou dormir. Atualmente, o Brasil conta com a NBR 15575, conhecida como norma de desempenho das edificações habitacionais, recém-publicada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). A norma dedica um item aos requisitos acústicos que os edifícios residenciais devem atender, sendo um deles o isolamento a ser oferecido pelo conjunto que compõe a vedação externa: parede e esquadria.
A NBR 10821, norma que trata do desempenho das esquadrias, também dedicará uma de suas partes ao tema e proporá um inédito selo acústico que classificará as esquadrias de acordo com o isolamento acústico (Rw) oferecido. Além disso, as NBRs 10151 e 10152, que tratam de conforto nos ambientes internos, foram recentemente revisadas. Todos estes fatos demonstram uma coerência e um amadurecimento do ponto de vista normativo no nosso país, que devem impactar positivamente no setor de construção civil.
Vale lembrar que os padrões internacionais ainda são bem mais exigentes do que vem sendo proposto no Brasil, mas a iniciativa já é um passo muito importante. Pela primeira vez, este tema tão importante está sendo tratado com a devida prioridade. Entre as principais mudanças, é importante destacar que a NBR 15575 abrange todos os tipos de obra, independente do padrão, ou seja, vale tanto para habitação de interesse social quanto para a mais sofisticada residência e, portanto, a cultura dos projetos poderá ser modificada. Os arquitetos, especificadores e projetistas em geral, passarão a se preocupar com o desempenho ao projetar.
 
Um desafio interessante está ligado ao custo. Estamos falando de produtos com mais qualidade. Portanto, se por um lado as construtoras querem viabilizar seus projetos com orçamentos reduzidos, a indústria de componentes tem o desafio de continuar apresentando qualidade e desempenho, com soluções viáveis para todas as faixas de mercado.
Outra questão muito importante é que a tipologia de esquadrias mais usada no nosso País, principalmente em edifícios de apartamentos nos grandes centros urbanos, ainda são as portas e janelas de correr. Essas, contudo, não oferecem uma perfeita vedação ao ar e, por consequência, contam com baixo isolamento acústico. Isso se deve, principalmente, às frestas necessárias para que ocorra o movimento das folhas, ainda que estas possuam alguns elementos de vedação. Vemos, neste caso, uma oportunidade para o mercado de esquadrias desenvolver produtos que proporcionem conforto acústico.
Um exemplo de solução nessa área é o Sistema Contact, desenvolvido pela Alcoa em parceria com a Udinese. O sistema de portas e janelas com isolamento acústico foi desenvolvido justamente para solucionar esta deficiência acústica.  Uma janela de correr do Sistema Contact com vidro laminado de 10 milímetros, por exemplo, isola aproximadamente 31 decibéis, enquanto uma janela do mesmo padrão na tipologia de correr tradicional isola cerca 22 decibéis.
O fato é que até 19 de julho as empresas terão o desafio de se adequarem à nova norma, pontapé inicial para a melhoria do conforto acústico nas edificações brasileiras. E, apesar do índice mínimo de isolamento acústico estabelecido ser baixo - quando comparado aos padrões internacionais - pelo menos o setor vê surgir patamares que deverão se tornar cada vez mais exigentes ao longo do tempo.

* Cintia Figueiredo, gerente de produtos para o mercado de construção civil da divisão de produtos extrudados da Alcoa.

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