Desenvolvimento é refém da falta de infraestrutura

20/09/2013 - Desenvolvimento é refém da falta de infraestrutura
 
Por João Leopoldino Neto*
 
O Brasil continua de mãos e pés atados pela ausência de políticas públicas que tenham por objetivo sanar um dos mais graves empecilhos ao seu desenvolvimento como nação moderna,  próspera e produtiva. A precariedade de todos os módulos de infraestrutura, fundamentais em país de dimensões continentais, permanece desafiando governos e a própria sociedade, que também precisa redobrar o ritmo de suas cobranças diante da morosidade das decisões nesse terreno.
O diagnóstico teórico da maioria dessas deficiências tem sido repetido à exaustão por representantes das diferentes instâncias do poder, analistas, empresários e imprensa, mas essas críticas e análises terminam sempre esbarrando na inércia dos canais burocráticos e acabam se perdendo nos escaninhos e arquivos das esferas decisórias.
O resultado é gritante em setores mais exigidos pela crescente produção de bens aceitos e até disputados pela economia globalizada, mas a situação da malha rodoviária se agravou tanto que é inadmissível continuar aceitando a falta de uma política audaciosa de investimentos e busca de recursos para acelerar programas estagnados, inclusive parcerias com a iniciativa privada. Esta última manifestamente disposta a unir forças com o poder público, até porque este padece da falta de recursos atrelados à infraestrutura de transportes, zerados pela distorção da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico–Cide, que vinculava parte dos valores arrecadados para esse fim e agora utilizada para conter a alta no preço dos combustíveis. Notória, portanto, a importância dessa estratégia público-privada que, bem instrumentalizada e exercida, renderá frutos para ambos. Incompreensível e inaceitável a falta de disposição do governo para encarar essa política e fazer frente a tantos desafios.
Em linhas gerais, também são gritantes as deficiências nas áreas de ferrovias – faixas de domínio que reduzem a velocidade dos trens, passagens em nível e falta de uniformidade entre bitolas -- além de portos com acessos precários, burocracia excessiva e alta tributação, aumentando em cerca de 23% o custo do transporte no país, prejudicando a competitividade dos setores produtivos. Portos e aeroportos insuficientes e desaparelhados para atender a crescente demanda de uma economia que se expande, apesar dos pesares, são outros entraves que até agora só figuram no painel de denúncias e de possíveis projetos que nunca se concretizam.
A falta de ação dos setores oficiais é a base fundamental da inércia quase delituosa.  Os trâmites burocráticos medievais são inconcebíveis e inaceitáveis em uma era dominada pela velocidade eletrônica. A ausência de efetiva vontade política – pública e privada – de colocar paradeiro nesse conformismo generalizado também deve ser ressaltada e combatida em um país que exerce em plenitude a democracia e a liberdade de expressão. Faltam líderes capazes de subverter e modificar esse retrato de um país que dispõe de incomensuráveis recursos para se situar entre os mais desenvolvidos do mundo. E prefere continuar dormindo nesse berço esplêndido.
É fato que a história não se faz em dias ou meses, mas também é inconcebível aceitar que o ser humano se resigne e aceite a atual inércia como inerente a ela. As grandes decisões e feitos que mudaram o rumo da civilização em diversas regiões e épocas são testemunhos de que muito pode e deve ser feito para arrancar o Brasil dessa estagnação pontual, da qual a mediocridade da infraestrutura é apenas a parte mais visível do problema.
 
*João Leopoldino Neto, engenheiro, primeiro vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de São Paulo - SINICESP

Comunicação Sinicesp

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